Somos racionais
Os seres humanos são pessoas que sabem que existem, e se
preocupam com isto. Uma preocupação que já revela que somos racionais, pois
conscientes de que existimos. São estes os momentos em que lembramos o que
vivemos ontem, tentando organizar a vida de hoje, já olhando de relance para o
que viveremos amanhã. Enfim, temos consciência de que existimos e, tomara, percebemos
que muito mais gente existe deste jeito, assim como nós.
E reconhecer nossa racionalidade é o primeiro degrau da
escadaria saudável da Espiritualidade. Começamos a enxergar quem e o que somos.
Gente. Pessoas humanas, racionais, com pensamentos e sentimentos diversos.
Vivendo cada instante, de dentro pra fora, e tudo a partir de um corpo físico –
que carrega em si muito mais que simplesmente o “físico”. Tomar consciência de
quem somos. Eis a primeira verdade e valor da Espiritualidade.
A segunda compreensão – fundamental, é saber que agora que
existimos, precisamos prestar atenção para o “como” podemos bem existir. Isto passa
pelo entendimento de que nossa vida como pessoas que pensam e sentem, acontece,
absolutamente - fisicamente. Portanto, não há vida espiritual sem que cuidemos
da vida “física”, tanto de nosso corpo e também do meio ambiente – o planeta. Pois
ninguém vai existir sem o “físico”- sem corpo e sem o mundo.
É preciso racionalmente tomar consciência e conscientemente
assumir o controle e direção desta nossa realidade existencial fundamental:
vivemos “em” um corpo físico e “dentro” de um planeta igualmente material. Portanto,
não há Espiritualidade que amadureça sem a compreensão e valor devidos ao corpo
e mundo físicos, essenciais a todos nós.
A Espiritualidade da humanidade aparece quando a
racionalidade que nos dá consciência da existência – consegue ensinar primeiro,
que só existimos espiritualmente, se a vivenciamos fisicamente. Não há espiritualidade
saudável, nem razoável sem esta compreensão.
O Descanso
Existimos como pessoas quando vivemos nossa vida mental e
emocional fisicamente. E desde sempre eu, você e todos que conhecemos aguardam
a chegada do fim de semana – este tempo de descanso “físico” a cada sete dias.
Mesmo quando não ocorre aos sábados e domingos, ainda notamos que, de um jeito
ou de outro, todos procuramos parar as atividades ao menos uma vez na semana.
Mesmo sem identificar a origem desta “parada semanal”, e mesmo pensando que é mais parte da cultura do que de nossa essência como pessoas,
aguardamos - e bem aproveitamos o descanso semanal que todos conhecemos. E faz
uma diferença.
Você já tentou trabalhar ou estudar – mantendo atividades
sem descanso, por mais de 7 ou até 10 dias? E acima deste tempo, uns 15 dias ou
mais? Assim como nos é comum acordar ou somente despertar no mesmo horário dia
a dia, mesmo que seja sábado ou domingo; sabemos que após o almoço ou no meio
da tarde, surge a necessidade de cochilar ou dormir por, ao menos, umas duas
horas. É o “descanso” físico-mental básico que a semana dias vividos exige. Não
há como escapar. Uma nova semana que inicia sem um dia de descanso no meio dela
irá cobrar de todos nós uma desatenção e desinteresse que tem nome: cansaço
existencial. Não somente corporal, pois as emoções e pensamentos caminham junto
com o físico nosso de cada dia.
O que importa é perceber que esta “freada” de atividades é uma
orientação que tanto reconhece quanto respeita, a nossa espiritualidade. Pois ainda
que seja possível manter a saúde física fortalecida através de remédios e
treino, isto não nos fornece uma saúde integral – mente, corpo e sentimentos em
equilíbrio e saudáveis. Isto ocorre porque a nossa “pessoa” inteira não existe
somente fisicamente. E aqui entra a Espiritualidade
– a realidade de que somos pessoas com corpo e alma, exterior e interior, um
ser único, que não existe somente num aspecto. Ou vivemos integralmente, ou não
vivemos. Daí a necessidade do descanso existencial, que nos trata como seres
espirituais – nem somente físico e nem somente sentimentos.
O descanso semanal ensina que somos mais do que enxergamos. O
valor da Espiritualidade apresenta e representa um ser mais completo do que
imaginamos, e por isso chega mais perto de bem cuidar da nossa vida. Ou cuidamos
inteiramente de quem somos ou não cuidamos realmente de nós mesmos.
Bom descanso.
Somos naturais e sociais
Desenvolver uma existência espiritual ou viver a vida com
Espiritualidade requer agir racionalmente. O primeiro raciocínio é perceber que
existimos, sentindo e pensando num corpo físico. Só lembrando. Somos assim. Nem
anjos pensantes sem corpo, nem mulas com corpo sem entendimento. Somos seres
humanos – emoções e reflexões que vivem corporalmente. Saber disto é o passo
primeiro para viver a vida com Espiritualidade.
Como vivemos tudo que somos fisicamente, quando o corpo não
descansa, a mente e os sentimentos sucumbem. E o contrário também. Somos seres
espirituais. Tudo junto existindo agora. Portanto, viver a partir da
Espiritualidade é também, descansar. Bom descanso.
Descansar espiritualmente é um ato que envolve a natureza
física que nos permite viver – este planeta; e as pessoas físico-sentimentais-pensantes
que também nos permitem viver. Dependemos de ambos – pra viver. Por isso, direcionar
nossa vida a partir da Espiritualidade é acrescer ao nosso cotidiano um
descanso existencial semanal que requer aproximação com a natureza e, também com as
pessoas. Eis uma Espiritualidade saudável e acessível – e necessária a todos
nós.
Um descanso semanal solitário e individualista, e grandemente
tecnológico – haja TV, nos afasta tanto da natureza quanto das pessoas. Mas, viver
a partir da Espiritualidade exige descansar junto ao planeta terra e aos seres
humanos de plantão. Afinal, somos seres naturais e sociais. Física e
emocionalmente estamos entrelaçados ao planeta e ao próximo. Ou descansamos
cuidando da essência da pessoa que somos ou não há Espiritualidade que aguente.
É preciso sair ao mundo e ir ao próximo.
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