terça-feira, 11 de setembro de 2012

Evangelismo - uma Arte perdida.


                Quando pretende anunciar que Deus está em Jesus e que Jesus é quem leva os homens pra Deus – ou seja, evangelizar; Paulo pede orações: “Orem para que eu possa manifesta-lo abertamente, como me cumpre fazê-lo.” (Col 4.4) E na tradução pastoral de Eugene Peterson, notamos – Orem para que toda vez que eu abrir a boca consiga tornar Cristo conhecido para eles.  Aprendemos aqui que a arte perdida do evangelismo se relaciona diretamente a estarmos perdidos diante de quem efetivamente realiza Evangelismo - Deus, o Pai, Filho e Espírito Santo. 
                Os cristãos já não andam precisando tanto de Deus, ou de Cristo. A in-dependência está assegurada na segurança da comum Graça enviada diariamente – sol e chuva, alimentos e “perdão”, ops, mas essa benção só deveria vir pela Graça especial - e através de relacionamento de fé, certo? E agora? O fato porém é que já não precisamos mais de perdão relacional e cotidiano diante de Deus posto que alcançamos, via igreja ou teologia mediadora, perdão constante. Basta-nos uma dominical leitura bíblica e rápida oração silenciosa e, paz! Mas, será a de Cristo?
                O apóstolo Paulo, cristão, não existia assim. E sua busca por evangelizar que é bem anunciar aos homens quem é Deus, demonstrava sua dependência e busca constante do Senhor: Orem por mim, diz ele... pra que eu consiga... evangelizar. Que loucura! Pra nós, certamente não para Paulo. Pois, possivelmente, Saulo Paulo está recordando a básica verdade de sua nova vida em Cristo. Nesta, o poder – capacidade de ser e viver, vêm de Deus, o Espírito. Afinal, “Deus é quem efetua em nós tanto o querer como o realizar...” (Fil 2.13). Percebeu?  Explica Eugene Peterson – Essa força vem de Deus, um poder interior, um trabalho do próprio Deus em vocês.
                Não há nenhum justo sequer, não há quem entenda, não há quem busque a Deus. Como então, posso eu, querer, e ainda mais, conseguir evangelizar – anunciar Cristo sempre, e naturalmente? A convocação paulina anterior ao anúncio de que é Deus quem nos dá tanto a vontade – o querer, quanto a ação – o realizar, pode ajudar: “Desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor.” (Fil 2.13). É preciso, pois, reverencia e respeito a Deus pra desenvolvermos nossa vida nova junto d´Ele. E evangelizar é novidade pra nós - sempre. E novidade de Deus. 
                É preciso trabalhar a nossa salvação. E isto com reverencia e respeito à capacidade que somente vem de Deus, e de seu Reino. Este é um reino e movimento que precisa vir, pois não é nosso, é de Deus. Necessário é, dedicarmo-nos ao relacionamento com Deus, em trabalho e suor na busca pelo Espírito Santo, com sacrifício e lágrimas na adoração em espírito e em verdade (em nosso ser interior). Tudo para que sejamos, então, capazes de experimentar a tão celebrada salvação: nova vida – valores – interesses – vontades. E a compaixão e a coragem pra anunciar Cristo nasce e acontece neste processo - contínuo. É isto, enfim. Mas não o fim.
                Ainda não. Resta o santo versículo 17/18 da sacrossanta carta aos Romanos, capitulo 6: “Mas graças a Deus porque, outrora, escravos do pecado, contudo, viestes a obedecer de coração à forma de doutrina a que fostes entregues; e, uma vez libertados do pecado, fostes feitos servos da justiça.”  Uau, servos da justiça, amigos de Deus, ministros da reconciliação, amantes (legítimos) da Boa nova e pregadores costumeiros do evangelho de Jesus, o Cristo! Ensina Eugene Peterson – Mas, graças a Deus, vocês começaram a ouvir um novo Senhor, cujas ordens os deixam livres para viver na liberdade dele. É isto! Agora, estamos ouvindo a Deus. E sua voz é mais forte que toda e qualquer fraqueza e paixão humanas. Enfim, ouvindo Deus, já nos é possível evangelizar.
                 Isto porque Romanos 6.17 nos esclarece a obra de Deus nos cristãos através da Graça, não mais pela Lei. Eis o ensino: "Mas graças a Deus, diz - viestes a obedecer de coração, à forma de doutrina a que fostes entregues." A doutrina que agora seguem "os cristãos" é a do evangelho da graça. Nela, pois, os cristãos obedecem a Deus... com o coração - pelo interior (em espírito e em verdade). Lá dentro, tratando corações e mentes, onde se escreve a nova aliança. E daonde surgirão palavras e pensamentos, sentimentos e interesses capazes de nos fazer, enfim, evangelizar. Eis o relacionamento que revela o justo é o que "vive" pela fé! E até evangeliza também.
                A arte perdida do evangelismo é sua fonte transcendente de água viva - e única: o próprio Deus, sua pessoa e ser, sua presença e poder, sua vida e mover. O Espírito mesmo. Diz Jesus! "Vocês também não podem dar fruto, se não permanecerem em mim." Deus vivifica tudo que há. Até (e especialmente) o evangelismo de sua Igreja. Estamos "perdidos" de Deus, embora cheios de sua teologia, se já não conseguimos - bem e apropriadamente, evangelizar. É um anúncio de salvação, não de juízo. Ainda!

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